quinta-feira, 21 de junho de 2007

"FARINHA POUCA; MEU PIRÃO PRIMEIRO"

Desde sempre, os desembargadores realizam aumentos nos seus subsídios. Nada mais natural que existam correções aos valores recebidos por qualquer agente público. Entretanto, há coisas que chamam a atenção. Em 2006, os desembargadores do TJ BA se deram dois aumentos. Foram dois aumentos no mesmo ano e isso provocou um intenso rebuliço, levando inclusive ao pronunciamento negativo do ex-presidente da OAB. Era época da confusão dos subtetos no judiciário e foi um momento aparentemente propício para os desembargadores engordarem o subsídio. Hoje, após a superação daquela velha crise, e com a definição de que juízes estaduais obedecem aos mesmos limites dos juízes federais (para não haver diferenciação) tudo deveria estar perfeito, ou menos caótico. Ocorre que os desembargadores, em pleno ano de uma suposta “pobreza” orçamentária, trataram de garantir o “pirão” deles, antes que acabasse essa delícia culinária. É, claro, o LEGISLATIVO aprovou tudo para o “pirão” e o EXECUTIVO não atrapalhou nada, ou seja, “cada poder no seu poder”. AINDA EM 2007, 10 NOVOS DESEMBARGADORES FARÃO PARTE DO TJ BA QUE JÁ PEDIU PARA AUMENTAR NOVAMENTE O NÚMERO DE VAGAS PARA DESEMBARGADORES, ALÉM DE MAJORAR DE NOVO O SUBSÍDIO. Perfeita a sabedoria popular: farinha pouca, meu pirão primeiro! Uma clara referência ao instinto de sobrevivência do homem. Em épocas de escassez, cada um tenta procurar permanecer vivo, mesmo que isso custe o sacrifício do outro. Tais situações se tornam até compreensíveis num caso de vida ou morte, no entanto, fora dessa hipótese, torna-se absolutamente lamentável ver uma disputa onde, no frigir dos ovos, quem sofre mesmo é o sábio povo que gritou o ditado! Se a verba é pouca, então primeiro os desembargadores, suas vagas, seus aumentos. Depois, os juízes. Depois, os servidores. Depois... Quem vem depois? Oh! Como se poderia esquecer? Os candidatos a servidores. Mas, pior de tudo isso, é perceber que ainda há alguém depois. Quem? O povo. Exatamente o povo que sabe o ditado de cor. Precisamente o povo que sofre na busca de uma senha para ser atendido. Repita-se: farinha pouca; meu pirão primeiro. Não é essa a impressão que se quer ter, nem é essa a atuação que todos desejam ver. Mas, por vezes, fica difícil vendar os olhos.
Créditos especiais ao colaborador Poeteiro que enviou uma reportagem com o link para publicação que inspirou essa postagem (posso não ter me feito entender no crédito, Poeteiro, mas você ajudou bastante!).

Um comentário:

Anônimo disse...

Que sejam 60, como em Minas Gerais, mas que não façam maruagens!