Brasília, capital dos concursos. Aqui, o páreo é duro. O sonho de se tornar funcionário público está na mente de milhares que sonham com salário abastado e estabilidade profissional. A maioria dos concorrentes candangos é tão acostumada ao cotidiano de editais e provas que a alcunha concurseiro ganhou tom de profissão. Felipe Segall, 27 anos, veste a camisa do “emprego público” há um ano. “Podia escolher um salário mais ou menos, mas prefiro usar esse tempo para me aprofundar nos estudos e investir em um futuro melhor”, justifica.
No entanto, pessoas como Felipe são minoria. Grande parte dos estudantes não pode se dar o luxo de abandonar o contracheque para se dedicar exclusivamente aos livros. O resultado é uma rotina de esforço hercúleo para conciliar trabalho, vida pessoal e preparação capaz de levar à conquista do cobiçado posto de funcionário público. “Imagino que minhas chances não sejam iguais às do pessoal que se dedica integralmente”, conforma-se Breno Bonfim, 25 anos. Depois de bater na trave em concursos como o do Tribunal Regional Federal (TRF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o alvo da vez é um posto de procurador da Fazenda. “Tento compensar a desvantagem das horas de estudo sacrificando o sábado e o domingo”, conta.
Um dos artifícios mais usados pelos estudantes que trabalham é chutar a vida pessoal para escanteio até figurar entre os aprovados. No caso de Breno, que já é servidor público, mas busca um up grade profissional, esse recurso é inviável. “Me caso no final do ano. Parece loucura esse monte de responsabilidades, mas me sinto tranqüilo estudando com o apoio da minha noiva e familiares. A maioria das coisas são eles quem resolvem”, conta. Concursado de nível médio no Tribunal de Justiça do Distrito Federal desde 2003, Breno trabalha seis horas por dia enquanto divide sete horas entre o cursinho e o estudo por conta própria. Isso quando não surge um imprevisto do casório.
Concentração
Mesmo quem não tem carga horária pesada no emprego alega que é difícil manter 100% de foco nas aulas e apostilas. Lucas Ribeiro, 25 anos, trabalhava com eventos na noite brasiliense até maio deste ano. Assim como Breno, já prestou inúmeros concursos sem sucesso. “Meu horário de trabalho não era muito se comparado a uma rotina de 30 ou 40 horas, mas o suficiente para me desconcentrar”, explica. “Uma noite dormindo mal compromete o dia seguinte e afeta o ritmo. Além do mais, o clima era propício a ir a outros eventos da cidade.” Hoje, com dedicação exclusiva, a idéia é prestar tudo que aparecer pela frente. Apesar dos resmungos devido ao cansaço ou à falta de tempo, especialistas adiantam que nem sempre as horas no batente são sinônimo de fracasso. “Tenho pavor de quem usa o trabalho como desculpa para não passar em concurso”, adianta o professor Vicente Paulo, do Ponto dos Concursos. Segundo seus levantamentos, cerca de 80% dos aprovados são candidatos que trabalhavam normalmente durante a preparação. “Pessoas que deixam o emprego achando que vão se preparar mais podem dar um tiro pela culatra. A concentração fica abalada e as horas não são aproveitadas minuto a minuto como na época em que o tempo era por conta-gotas”, defende. Breno, o noivo, assina embaixo. “Parece que quanto menos tempo tenho, mais as horas rendem”, teoriza, enquanto corre entre a biblioteca e a gráfica onde vai acertar os convites do casamento.
NO PÁREO
Vida de concurseiro não é moleza. Ainda mais quando ele se divide em duas jornadas desgastasntes: o emprego e os livros. Se você é mais um nessa situação, confira dicas para se manter na disputa por uma vaga
Arregace as mangas e comece os estudos. É fato que grande número dos inscritos em seleções públicas sequer pega nos livros: faz as provas “só para ver como são”. Fuja dessa estatística:
- Não encare o tempo apertado como o vilão da história. Disciplina, maturidade, determinação e qualidade dos estudos são características que, juntas, vencem qualquer obstáculo
- Faça uma lista das atividades semanais que você dedica ao lazer e use o bom senso para escolher o que deve ou não continuar em sua rotina. Entre praticar um esporte regularmente e freqüentar festas madrugada adentro, a escolha parece clara
- Tenha cuidado para que o concurso não prejudique o rendimento no emprego atual. Não se esqueça de que, enquanto estuda para concurso, seu ganha-pão ainda vem da labuta na empresa ou instituição com a qual tem contrato
- Evite usar as horas de sono para estudar. O corpo precisa de descanso para resistir a uma rotina puxada. Além disso, essas horas acabam rendendo muito menos que o esperado.
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Fonte: Correio Braziliense.
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